As Sereias
Como vimos em posts anteriores, sobre seres mitológicos, é muito comum
encontrar na literatura mitológica uma infinidade de seres híbridos. Infinitas
misturas de humanos com outros animais fazem parte do mundo fantástico criado
pelos homens antigos. Centauros, Harpias, Minotauro, entre outros milhares de
exemplos são facilmente encontrados, principalmente, na cultura grega que via
no hibridismo a estreita relação entre os homens e os animais (veja nossos
demais textos sobre seres mitológicos).
Outro fator muito comum nas narrativas mitológicas é a presença da
mulher, como um ser encantador, que pode trazer ao homem tanto prazer quanto
desgraça. A mulher é vista como uma criatura bela e infinitamente “perversa”.
Tal perversidade não seria proposital, mas uma consequência da beleza feminina
que encanta o homem de tal maneira a leva-lo ao infortúnio. Um exemplo clássico
é a lenda de Loreley a sereia do Rio Reno e famosa pelo seu belo canto que
levava os marinheiros da antiguidade a se chocarem contra os rochedos da região
(Para saber mais sobre tal mito,
Falando em Loreley e em sereias, percebam que tais criaturas são uma
verdadeira mistura mitológica: mulheres híbridas e que encantavam os viajantes
que passavam próximos de suas moradas. Neste caso iremos discorrer um pouco
sobre estas criaturas que tanto habitaram o imaginário humano (especialmente, o
masculino) durante milhares de anos.
Grécia:
Na Grécia Antiga, as sereias se assemelhavam demasiadamente com as
Harpias, sendo criaturas metade mulher e metade águia. Além disso, moravam em
ilhas e viajavam pelos mares, contudo não eram classificadas como criaturas do
mar. Uma característica diferencial das sereias e harpias é que estas primeiras
possuíam o dom do canto, e com ele podiam enfeitiçar marujos descuidados.
Certos autores, ainda atribuíam a elas a capacidade de devorar tripulações
inteiras após o naufrágio, mas acredita-se que isso venha de uma interpretação
errônea do poema Odisseia.
Ainda na versão grega do mito, as sereias habitavam uma ilha no Mediterrâneo
próximo ao Mar Tirreno, cercada de rochedos e recifes, onde muitos dos navios
jamais escapavam.
A linhagem das sereias é um tanto confusa, mas em geral são consideradas
filhas do deus rio Aqueloo e da musa Melpône, sendo este um outro fator de
distanciamento das harpias. Em outros casos são consideradas filhas de Gaia,
como disse Eurípides em Helena. Homero atribuía a elas a capacidade de ver o
futuro, outra questão que condiz com as divindades nascidas da titã Gaia.
Sem duvida a Odisseia é a maior referencia grega a tais seres, sendo
igualmente válidas as menções nas obras Argonáutica, de Apolônio de Rodes, e
Suda. Porém, a Odisseia permanece como a mais “confiável” por ser a mais
antiga.
Na viagem de Odisseu, elas aparecem durante o retorno do herói para casa,
em um momento em que tentam encantá-lo junto à sua tripulação, usando seus
belos cantos. Como saída Odisseu pediu aos seus homens para que tapassem os
ouvidos com cera de abelha enquanto ele mesmo permaneceria amarrado ao mastro,
para que de lá não saísse.
Na arte as sereias eram constantemente representadas como pássaros
grandes com rosto e busto de mulher, ou então como mulheres belas com patas e
asas de aves. Sua imagem era muito conspicuamente utilizada em jarros, vasos,
frisos, monumentos funestos, estatuetas e joias. A figura das sereias tem
origem oriental e foi introduzida na Grécia por contato comercial com o
Oriente. Segundo o site www.greciantiga.org (vale a pena conferir)
“Havia um templo dedicado às sereias perto de Sorrento, e uma delas era
cultuada em Neápolis, no sul da península italiana”.
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Há ainda uma estreita relação ao corpo de ave com o canto das sereias
tornando a relação ainda mais interessante, já que os pássaros são os animais com
os mais belos cantos da fauna, em qualquer local do mundo.
Celta/Medieval:
Com o tempo surgiu uma segunda versão para as sereias, onde o corpo de
ave dá lugar a uma ilustre cauda íctia (referente aos peixes) e da cintura para
cima permanecia características humanas.
O motivo de tal mudança ainda não é conhecido com plenitude, pois existem
diversas explicações plausíveis ao mesmo. Uma delas seria da cultura celta,
onde o peixe, especialmente o salmão, era tido como sagrado e isso daria a
metade corporal das sereias como criaturas divinamente mágicas e fantásticas.
Outra explicação seria dada pelo peixe ser considerado um alimento
simbolicamente ligado a luxuria. E como tal, nada melhor que uma combinação do
mesmo com a mulher, formando um ser tipicamente encantador (as famosas
“Mermaids” medievais). Muitas outras possíveis explicações devem existir, mas
estas duas são as principais.
Uma outra característica diferencial entre a sereia ave e a sereia peixe
é que enquanto a primeira vive próxima ao mar, mas não é uma criatura marinha,
a segunda é exclusivamente marinha e/ou aquática, raramente saindo do mundo de
água e vindo à terra.
Sereia medieval com cauda de peixe
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No mais digo aos
aventureiros de plantão que não se arrisquem nos rios da nossa região, pois há
muitos clientes nossos desaparecendo por aí. Há quem diga que são sereias, mas
eu ainda creio que é hidromel em excesso.
Enfim, caso queiram dar uma dica ou lembrar algo mande-nos um email ou
comente no blog. No mais espero que tenham gostado do post, que apesar de
simples deu um certo trabalho.
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