Minotauro
Na mitologia grega, o Minotauro (em grego: Μῑνώταυρος; em latim: Minotaurus;
em etrusco:
Θevrumineś), era segundo sua
representação mais tradicional entre os gregos antigos, uma
criatura imaginada com a cabeça de um touro sobre o corpo de um homem[1] O autor romanoOvídio descreveu-o
simplesmente como "parte homem e
parte touro."[2] Habitava o centro
do Labirinto, uma elaborada
construção[3] erguida para o
rei Minos de Creta, e projetada pelo arquiteto Dédalo e seu filho, Ícaro especificamente para
abrigar a criatura. O sítio histórico de Cnossos, com mais de 1300
compartimentos semelhantes a labirintos,[4] já foi
identificado como o local do labirinto do Minotauro, embora não existam provas
contundentes que confirmem ou desmintam tal especulação. No mito, o Minotauro
eventualmente morre pelas mãos do heroiatenienseTeseu.
O termo Minotauro vem do grego antigo Μῑνώταυρος,
composto etimologicamente pelo nome
Μίνως (Minos) e o substantivo
ταύρος ("touro"), e pode ser traduzido como "(o) Touro de Minos". Em Creta, o
Minotauro era conhecido por seu nome próprio, Astérion,[5] um nome que ele
compartilhava com o pai adotivo de Minos.[6]
Minotauro, originalmente, era
apenas utilizado como nome
próprio, referindo-se a esta figura mítica. O uso de minotauro como um substantivo comum
que designa os membros de uma raça fictícia e genérica de criaturas
antropogênicas com cabeças de touro surgiu bem posteriormente, no gênero de
ficção fantástica do século XX.
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Nascimento e aparência
Após assumir o trono de Creta, Minos passou a combater seus
irmãos pelo direito de governar a ilha. Rogou então ao deus do mar, Poseídon que lhe enviasse um touro branco como a neve, como um sinal de
aprovação ao seu reinado. Uma vez com o touro, Minos deveria sacrificar
o touro em homenagem ao deus, porém decidiu mantê-lo devido a sua imensa
beleza. Como forma de punir Minos, a deusa Afrodite fez com que Pasífae, mulher de Minos,
se apaixonasse perdidamente pelo touro vindo do mar o Touro Cretense.[7] Pasífae pediu
então ao arquetípico artesão Dédalo
que lhe construísse uma vaca de madeira na qual ela pudesse
se esconder no interior, de modo a copular com o touro branco.
O filho deste cruzamento foi o monstruoso Minotauro. Parsífae cuidou dele
durante sua infância, porém eventualmente ele cresceu e se tornou feroz; sendo
fruto de uma união não-natural, entre homem e animal selvagem, ele não tinha
qualquer fonte natural de alimento, e precisava devorar homens para sobreviver.
Minos, após aconselhar-se com o oráculo em Delfos, pediu a Dédalo que lhe
construísse um gigantesco labirinto
para abrigar a criatura, localizado próximo ao palácio do próprio Minos, em Cnossos.
Em nenhum lugar a
essência do mito foi expressa de maneira mais sucinta que nas Heróidas, atribuídas
a Ovídio, em que a filha de
Pasífae reclama da maldição de seu amor não-correspondido: "Zeus amou
Europa, como um touro, escondendo sua cabeça divina - ela deu origem ao nosso
povo. Um fardo e uma punição nasceram do útero de minha mãe, Pasífae, montada
por touro que ela enganou."[8] Leituras mais
literais e prurientes, que enfatizam o mecanismo envolvendo a cópula em si
podem, talvez de maneira intencional, obscurescer o casamento místico do deus na forma de touro,
um mythosminóica que era estranho aos
gregos.[9]
O Minotauro costuma ser
representado na arte clássica
com o corpo de um homem, e a cabeça e rabo de um touro. Uma das formas
assumidas pelo deus rioAqueloo ao cortejar Dejanira é a de um homem
com uma cabeça de touro, de acordo com a peça teatralTraquínias, de Sófocles.
Dos períodos clássicos
até o Renascimento, o Minotauro
aparece como tema de diversas descrições do Labirinto.[10] O relato do
autor romanoOvídio sobre o Minotauro, em latim, que não elabora sobre qual metade da
criatura era touro e qual era homem, foi a mais difundida durante a Idade Média, e diversas
ilustrações feitas no período e depois mostram o Minotauro com uma configuração
inversa em relação à sua aparência clássica: uma cabeça e torso de homem sobre
um corpo de um touro, semelhante a um centauro.[11] Esta tradição
alternativa durou até o Renascimento, e ainda figura em versões modernas do
mito, como as ilustrações de Steele Savage feitas para Mythology, de Edith Hamilton (1942).
Tributo e Teseu
Androgeu, filho de Minos, foi morto pelos atenienses, invejosos das
vitórias obtidas por ele nos Jogos
Panatenaicos. Já outra versão do mito afirma que Androgeu teria
morrido em Maratona,
atacado pelo Touro
Cretense, o ex-amante taurino de sua mãe, que Egeu,
rei de Atenas, tinha ordenado que ele matasse. A tradição mais comum conta que
Minos teria então declarado guerra a Atenas para vingar a morte de seu filho, e
saiu vitorioso do confronto. Catulo,
em seu relato do nascimento do Minotauro,[12] se refere a
outra versão do mito, na qual Atenas teria sido "obrigada pela praga cruel a pagar compensação pela morte de
Androgeu." Egeu deve então evitar a praga causada por seu crime enviando
"jovens rapazes, bem como as melhores garotas solteiras, para um
banquete" do Minotauro. Minos exigia que pelo menos sete rapazes e sete
donzelas atenienses, escolhidos através de sorteio, lhe fossem enviados a cada
nove anos (ou, segundo alguns relatos, anualmente[13]) para ser devorado pelo
Minotauro.
Quando se aproximava a
data do envio do terceiro sacrifício o jovem príncipe Teseu se ofereceu para assassinar o monstro,
prometendo a seu pai, Egeu, que ordenaria que o navio que o trouxesse de volta
para casa erguesse velas
brancas, caso ele tivesse sido bem-sucedido na empreitada, ou velas negras,
caso ele tivesse morrido. Em Creta, Ariadne, filha de Minos, se
apaixona por Teseu e o ajuda a se deslocar pelo labirinto, que tinha um único
caminho que levava até seu centro. Na maior parte dos relatos Ariadne dá a ele
um novelo, que ele utiliza
para marcar seu caminho de modo que ele possa retornar por ele. Teseu então
mata o Minotauro com a espada
de Egeu, e lidera os outros atenienses para fora do labirinto. Na viagem de
volta, no entanto, ele se esquece de erguer as velas brancas e seu pai, ao ver
o navio e imaginar que Teseu estava morto, se suicida, arremessando-se no mar que desde então leva seu nome.[14]
Pasífae e o Minotauro, kylixático em figura vermelha descoberto na Vulcietrusca (Cabinet des Médailles, Paris).
Etruscos
A visão essencialmente
ateniense do Minotauro como antagonista de Teseu reflete as fontes literárias,
que são parciais às perspectivas atenienses. Os etruscos, que consideravam
Ariadne companheira de Dioniso,
e não de Teseu, apresentavam um ponto de vista diferente do Minotauro, nunca
visto na arte grega: numa taça de vinho etrusca feita em figura vermelha da primeira
metade do século IV
a.C., Pasífae apoia de maneira terna o Minotauro criança em seu
colo.[15]
Interpretações
A luta entre Teseu e o
Minotauro foi representada com frequência na arte grega. Um didracma de Cnossos exibe
num lado o labirinto, e no outro o Minotauro cercado por um semicírculo de
pequenas bolas, provavelmente representando estrelas; um dos nomes do
monstro era Astérion,
"estrela" em grego antigo.
As ruínas do palácio de
Minos, em Cnossos, foram descobertas, porém nenhum labirinto foi encontrado
ali. O número enorme de aposentos, escadas e corredores do palácio fez com que
alguns arqueólogos sugerissem que o próprio palácio teria sido a fonte do mito
do labirinto, uma ideia que geralmente é desacreditada nos dias de hoje.[16] Homero,
descrevendo o escudo
de Aquiles, comentou que o labirinto seria um recinto para as danças
cerimoniais de Ariadne.
Alguns mitólogos
modernos vêem o Minotauro como uma personificação solar, uma adaptação minoica do Baal-Moloch dos fenícios. A morte do
Minotauro por Teseu, neste caso, indicaria o rompimento das relações
tributárias de Atenas com a Creta
minoica.
O Minotauro no Labirinto, gravura em pedra preciosa do século XVI na Coleção Medici do Palácio Strozzi, em Florença[17]
De acordo com o
estudioso britânicoA. B. Cook, Minos e o Minotauro são apenas duas formas diferentes do mesmo personagem,
que representa o deus-sol
dos cretenses, que retratavam o sol na forma de um touro. Tanto Cook quanto o antropólogoescocêsJ. G. Frazer explicaram a união de Pasífae com um touro como uma cerimônia sagrada,
na qual a rainha de Cnossos se casava com um deus em forma de touro, da mesma
maneira que a esposa do Tirano
em Atenas havia se casado com Dioniso. O arqueólogo francêsEdmond Pottier, que não discute a existência histórica de Minos, a partir da história
de Fálaris, considera provável
que em Creta (onde pode ter existido um culto aos touros, juntamente com o do labrys)
uma forma de tortura era trancar as vítimas dentro da barriga de um touro de bronze
incandescente. A história de Talo, o
homem de bronze cretense, que se
deixava em braza e abraçava os estrangeiros assim que eles pisavam na ilha,
provavelmente teria origem semelhante.
Uma explicação histórica
do mito se refere ao período em que Creta era a principal potência política e
cultural do mar Egeu. À medida que a cidade de Atenas (e provavelmente outras
cidades gregas continentais) pagavam tributo a Creta, pode-se assumir que este
tributo incluía jovens de ambos os sexos, destinados ao sacrifício
ritual. A cerimônia era executada por um sacerdote que utilizava uma
máscara ou cabeça de touro, o que explicaria então o imaginário relacionado ao
Minotauro. Este sacerdote também poderia ser filho de Minos.
Com a Grécia continental
livre do domínio cretense, o mito do Minotauro teve como papel distanciar a
incipiente consciência religiosa das poleis helenas das
crenças minoicas.
O Minotauro no Inferno de
Dante
Imagem do Minotauro de William Blake, ilustrando o
Inferno, XII.
O Minotauro, a infamia di Creti, aparece brevemente
no Inferno de Dante, em seu canto 12, 11-15, onde, abrindo
caminho entre rochedos espalhados por uma encosta, e preparando-se para entrar
no Sétimo Círculo,[18] Dante e Virgílio, seu guia,
encontraram a criatura pela primeira vez entre aqueles que foram amaldiçoados
por sua natureza violenta, os "homens de sangue", embora seu nome não
seja citado até o verso 25.[19] Com a lembrança
provocante, feita por Virgílio, do "rei de Atenas", o Minotauro se ergue,
enfurecido, e distrai os centauros
que guardam o Flegetonte,
"rio de sangue", permitindo assim que Virgílio e Dante passem rapidamente
por eles. Esta associação pouco típica do Minotauro com os centauros, que não é
feita em qualquer outra fonte clássica, é mostrada visualmente na ilustração da
criatura feita por William Blake como uma espécie de centauro taurino.
O Minotauro é um dos personagens mais
conhecidos da mitologia grega. Segundo o mito, o Minotauro era um ser com
cabeça e cauda de touro e corpo de homem que habitou um labirinto na ilha
de Creta.
O Minotauro teria nascido quando seu pai,
futuro rei de Creta, fez um pedido ao deus dos mares, Poseidon. O pedido foi que ele, Minos, queria ser rei
de Creta. Poseidon disse então que enviaria a Minos um touro dos mares e que
esse animal deveria ser sacrificado como oferenda.
Quando o touro surgiu dos mares, Minos não
teve coragem de sacrificar o animal, pois o achou muito lindo. Substituiu-o por
um de seus touros esperando que Poseidon não notasse a diferença. Porém,
Poseidon percebeu que fora enganado e decidiu castigar Minos. Decidiu não lhe
tirar o trono. Poseidon fez com que a mulher de Minos, Pasífae se apaixonasse
pelo touro, sendo que dessa união nasceu o minotauro.
Com medo e desprezo pelo “filho” de sua
esposa, porém sem coragem para matá-lo, Minos mandou construir um labirinto
abaixo de seu castelo para prender o Minotauro.
Anos depois, Minos derrotou Atena em uma guerra que lhe custou um dos filhos.
Atena como vingança, ordenou que todo ano fossem enviados 7 moças e 7 rapazes
atenienses para o labirinto.
Após 3 anos de sacrifícios, um jovem de nome
Teseu decidiu enfrentar o Minotauro voluntariamente. Ao chegar ao palácio se
apaixonou por uma das filhas do rei, Ariadne.
Ariadne, correspondendo a paixão de Teseu,
entregou a ele uma espada mágica para matar o minotauro e também um novelo de
lã para ele encontrar o caminho de volta. Teceu ficou algum tempo a procura do
Minotauro, pois teve de ser cauteloso para não ser pego de surpresa.
Quando ele avistou o Minotauro atacando um
dos atenienses, apunhalou-o por trás matando-o. Após isso Teceu resgatou os
atenienses e voltou pelo caminho do novelo de lã para encontrar sua amada.
O Minotauro é uma das figuras mitológicas
mais conhecidas e foi contada de geração por geração pra as crianças gregas
aprenderem a sempre respeitar os deuses.
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