Kraken.
Continuando seu vôo, Perseu chegou ao país dos
etíopes, cujo rei era Cefeu. A rainha Cassiopeia, orgulhosa de sua beleza,
atrevera-se a comparar-se com as ninfas marinhas, que, indignadas, mandaram um
prodigioso monstro marinho devastar o litoral. A fim de apaziguar as
divindades, Cefeu foi aconselhado, por um oráculo, a expor sua filha Andrômeda,
para ser devorada pelo monstro. Olhando do alto, em seu vôo, Perseu avistou a
virgem acorrentada a um rochedo e esperando que o dragão se aproximasse. Estava
tão pálida e imóvel, que, se não fossem as lágrimas que escorriam e os cabelos
que a brisa agitava, Perseu a teria tomado por uma estátua de mármore. Tão
surpreso ficou ele diante do que via, que quase se esqueceu de bater as asas.
Adejando sobre Andrômeda, exclamou: — O virgem, que não mereces estas cadeias,
mas antes aquelas que prendem os amantes, dize-me, peço-te, teu nome e o nome
de teu país, e por que estás presa desse modo. Ela, a princípio, manteve-se em
silêncio, levada pelo recato, e teria escondido o rosto nas mãos, se o pudesse.
Quando, porém, ele repetiu as perguntas, receosa de que lhe fosse atribuída a
culpa de algum ato que não cometera, a virgem revelou seu nome e o de seu país,
e o orgulho de sua mãe com a própria beleza. Antes que acabasse de falar,
ouviu-se um ruído vindo da água e apareceu o monstro marinho, com a cabeça
erguida sobre a superfície, cortando as ondas com o enorme peito. A virgem
estremeceu, e seus pais, que haviam chegado ao local, mostravam-se
desesperados, principalmente a mãe, que, incapaz, contudo, de proteger a filha,
limitava-se a lamentar e abraçar a vítima. — Não há tempo para lágrimas —
exclamou Perseu, então. — Só temos este momento para salvá-la. Minha posição
como filho de Júpiter e meu renome como matador da górgona torna-me aceitável
como pretendente. Tentarei, contudo, merecê-la pelos serviços prestados, se os
deuses me forem propícios. Se ela for salva pelo meu valor, peço que seja a
minha recompensa.
Os pais consentiram (quem teria hesitado?) e prometeram, com a filha, um dote real. O monstro já se encontrava a uma distância em que seria alcançado por uma pedrada de um hábil atirador, quando o jovem, num impulso súbito, ergueu-se no ar. Como uma águia, quando das alturas em que voa, avista uma serpente aquecendo-se ao sol, lança-se sobre ela e prende-a pelo pescoço, impedindo-a de virar a cabeça e utilizar-se de seus dentes, assim o jovem investiu contra o dorso do monstro, mergulhando a espada em seus ombros. Furioso com o ferimento, o monstro ergueu-se no ar, depois mergulhou no mar e, em seguida, como o javali cercado por uma matilha de cães, voltou-se rapidamente de um lado para o outro enquanto o jovem livrava-se de seus ataques por meio das asas. Sempre que conseguia encontrar, entre as escamas, uma passagem para a espada, Perseu produzia um ferimento no monstro, atingindo ora o flanco, ora as proximidades da cauda. A fera lançava, pelas narinas, água misturada com sangue. As asas do herói estavam molhadas e ele já não se atrevia a confiar nelas. Colocando-se num rochedo que se erguia acima das ondas, e erguendo um fragmento da rocha, desfechou com ele o golpe mortal. O povo, que se reunira na praia, ergueu um grito que ecoou pelos montes. Os pais, arrebatados de alegria, abraçaram o futuro genro, proclamando-o libertador e salvador de sua casa, e a virgem, causa e recompensa da luta, desceu do rochedo. Cassiopeia era etíope e, portanto, negra, a despeito de sua proclamada beleza. Pelo menos é o que parece ter pensado Milton, que faz alusão ao episódio no "Penseroso", onde se refere à Melancolia como sendo ...
a deusa sábia e santa,
Cujo rosto divino tem um brilho
Forte demais para o olhar humano.
E, assim, de negra cor, aos nossos olhos,
Parece ser. De cor escura e bela
Como a irmã do Príncipe Mêmnon
Ou a estelar rainha da Etiópia
Punida ao atrever-se a comparar
Com a das ninfas do mar sua beleza.
Cassiopeia é chamada a "estelar rainha da Etiópia", porque, depois de morta, foi colocada entre as estrelas, formando a constelação daquele nome. Embora tivesse alcançado essa honra, as ninfas do mar, suas velhas inimigas, conseguiram que ela fosse colocada na parte do céu próxima ao pólo, onde, todas as noites, tem de passar metade do tempo com a cabeça para baixo, recebendo uma lição de humildade.
Os pais consentiram (quem teria hesitado?) e prometeram, com a filha, um dote real. O monstro já se encontrava a uma distância em que seria alcançado por uma pedrada de um hábil atirador, quando o jovem, num impulso súbito, ergueu-se no ar. Como uma águia, quando das alturas em que voa, avista uma serpente aquecendo-se ao sol, lança-se sobre ela e prende-a pelo pescoço, impedindo-a de virar a cabeça e utilizar-se de seus dentes, assim o jovem investiu contra o dorso do monstro, mergulhando a espada em seus ombros. Furioso com o ferimento, o monstro ergueu-se no ar, depois mergulhou no mar e, em seguida, como o javali cercado por uma matilha de cães, voltou-se rapidamente de um lado para o outro enquanto o jovem livrava-se de seus ataques por meio das asas. Sempre que conseguia encontrar, entre as escamas, uma passagem para a espada, Perseu produzia um ferimento no monstro, atingindo ora o flanco, ora as proximidades da cauda. A fera lançava, pelas narinas, água misturada com sangue. As asas do herói estavam molhadas e ele já não se atrevia a confiar nelas. Colocando-se num rochedo que se erguia acima das ondas, e erguendo um fragmento da rocha, desfechou com ele o golpe mortal. O povo, que se reunira na praia, ergueu um grito que ecoou pelos montes. Os pais, arrebatados de alegria, abraçaram o futuro genro, proclamando-o libertador e salvador de sua casa, e a virgem, causa e recompensa da luta, desceu do rochedo. Cassiopeia era etíope e, portanto, negra, a despeito de sua proclamada beleza. Pelo menos é o que parece ter pensado Milton, que faz alusão ao episódio no "Penseroso", onde se refere à Melancolia como sendo ...
a deusa sábia e santa,
Cujo rosto divino tem um brilho
Forte demais para o olhar humano.
E, assim, de negra cor, aos nossos olhos,
Parece ser. De cor escura e bela
Como a irmã do Príncipe Mêmnon
Ou a estelar rainha da Etiópia
Punida ao atrever-se a comparar
Com a das ninfas do mar sua beleza.
Cassiopeia é chamada a "estelar rainha da Etiópia", porque, depois de morta, foi colocada entre as estrelas, formando a constelação daquele nome. Embora tivesse alcançado essa honra, as ninfas do mar, suas velhas inimigas, conseguiram que ela fosse colocada na parte do céu próxima ao pólo, onde, todas as noites, tem de passar metade do tempo com a cabeça para baixo, recebendo uma lição de humildade.
A Kraken é menos um animal mitológico que um animal lendário, provavelmente inspirada avistamentos da vida real lula e polvo gigante pormarinheiros antigos. O Kraken não é um mito grego, e assim os cefalópodesgigantes foram provavelmente nunca avistado por marinheiros gregos. Krakenlendas vez vêm mais ao norte, nas áreas escandinavos da Europa.
Comum nas narrativas mitológicas, o Kraken, é uma espécie de polvo ou
lula gigante que atacava embarcações de viajantes que tentavam cruzar os mares.
Tal criatura aparece principalmente na mitologia Grega e Nórdica, no entanto
com pouquíssimas descrições e/ou citações. Sua forma de ataque aos navios era
copiosa – enrolava seus logos tentáculos ao redor do casco da embarcação e
virava-o ao mesmo tempo em que o apertava quebrando toda sua estrutura de
madeira. A parte da tripulação que não fosse esmagada pelos tentáculos, pulava
desesperadamente nas águas morrendo afogada ou era engolida pela criatura
monstruosa que já havia se desprendido do barco.
A característica mais surpreendente dos contos deste monstro marinho é
que diferentemente de outras histórias ele se parece com algo extremamente
real, não sendo uma atrocidade imaginária como as hidras de várias cabeças ou
as serpentes colossais. O nome Kraken só surge no século XVIII, porém as
primeiras evidências dessa criatura parecem datar do século XII na Noruega,
onde seu tamanho era tão relevante que poderia ser confundido com uma ilha ou
mesmo um arquipélago.
Na mitologia nórdica à ele era atribuído por afundar
navios que misteriosamente desapareciam e nenhum tripulante sobrevivia (os
poucos que sobreviviam eram taxados como loucos, ao relatarem o que houve).
Atacava os navegadores que tentavam cruzar o Atlântico Norte na região
entre as terras Escandinavas, a Islândia e a Groenlândia.
Na mitologia grega a referencia não é feita diretamente a um polvo ou
lula gigante, mas à criaturas mais exageradas com várias cabeças ou centenas de
tentáculos. Já na mitologia nórdica o Kraken é mais “realista” sendo
basicamente um polvo gigante. Em 1555, Olaus Magnus relatou uma criatura do mar
com chifres afiados e longos ao redor de um orifício e repleta de braços como
uma raiz de árvore, de comprimento e com olhos enormes.
Pescadores muito temiam esta criatura que muita das vezes acatava aqueles
que roubavam seu alimento. Alguns dizem que o Kraken passou a atacar navios após
a diminuição dos cardumes que passaram a ser pescados pelos humanos. Outros
passaram a jogar peixes no mar como uma espécie de oferenda, acreditando que
assim conseguiriam despistar a fúria do monstro.
Como muitos outros mitos o Kraken é uma exacerbação e/ou má interpretação
da fauna pouco conhecida pelos humanos antigos. Pouco se sabe realmente se tal
criatura existiu, mas atualmente cientistas vêm pesquisando esqueletos de
ictiossauros nas profundezas dos oceanos buscando evidencias da existência de tal
criatura. Segundo alguns estudiosos os Ictiossauros eram os reis dos oceanos há
mais de 200 milhões de anos, no entanto atualmente foram encontrados ossos
destes em uma disposição curiosa como se tivessem sido colocados em “tocas” de
polvos, de maneira semelhante aos polvos atuais.
“As marcas nos ossos dos ictiossauros sugerem que uma criatura parecida
com um polvo ou uma lula gigante sufocou os animais, partindo-lhes o pescoço.
Além disso, as vértebras mostram marcas que remetem para a forma das ventosas do
tentáculo de um cefalópode.”
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